sábado, 25 de abril de 2015

Qual a real função do Ataque de Pânico?


 
Quando uma ameaça ativa intensamente o sistema nervoso simpático, este gera a resposta de “luta ou fuga”. Como consequência desta ativação os hormônios da adrenal são liberados, a pressão arterial e a frequência cardíaca aumentam, os brônquios se distendem, a motilidade e as secreções intestinais são inibidas, o metabolismo da glicose aumenta e as pupilas dilatam-se. Funcionalidade? Preservação.

A ansiedade é um conjunto de reações fisiológicas que os indivíduos experimentam quando se deparam com situações de perigo potencial. Nossos processos evolutivos encarregaram-se de desenvolver essas reações para preservar nossa sobrevivência como espécie, para que pudéssemos enfrentar as situações de perigo de forma adequada. A ansiedade realmente vem cumprir uma função eminentemente adaptativa de proteção.  É devido a isso que experimentamos um batimento cardíaco acelerado ou muito forte típicos de períodos de alta ansiedade ou pânico. Além da aceleração do batimento cardíaco, há também uma mudança no fluxo do sangue. Basicamente, o sangue é redirigido sendo “reduzido” em algumas partes do corpo onde ele não é tão essencial naquele momento (através do estreitamento dos vasos sanguíneos) e é direcionado às partes onde é mais essencial (através da expansão dos vasos sanguíneos). Por exemplo, o fluxo de sangue é reduzido na pele, nos dedos das mãos e dos pés. Este mecanismo é útil para que, se a pessoa for atacada ou ferida de alguma forma, este mesmo mecanismo impedirá que a pessoa morra por hemorragia. Por isso, durante a ansiedade, a pele fica pálida e sentimos frio em nossas mãos e pés, e até mesmo algumas vezes, podemos sentir dormências ou formigamentos. Por outro lado, o sangue é direcionado aos músculos grandes, como os das coxas ou os bíceps, o que ajuda o corpo em sua preparação para ação.
A ativação do sistema nervoso simpático produz uma série de outros efeitos, nenhum dos quais prejudiciais ao corpo. Por exemplo, as pupilas se dilatam para permitir a entrada de mais luminosidade, o que pode resultar em uma visão borrada, manchas na frente dos olhos e assim por diante. Ocorre também uma redução na produção de saliva, resultando em uma boca seca. Há uma redução na atividade do sistema digestivo, o que geralmente produz náuseas, uma sensação de peso no estômago e também constipação ou diarreia. Por fim, diversos grupos de músculos se tencionam preparando-se para a reação de luta-e-fuga e isso resulta em sintomas de tensão, muitas vezes estendendo-se a dores reais como também a tremores.
Acima de tudo, a reação de luta-e-fuga resulta em uma ativação geral do metabolismo corporal. Por isso uma pessoa pode sentir sensações de calor e frio e, porque este processo utiliza muita energia, depois a pessoa se sente geralmente cansada e esgotada.
Como já mencionado antes, a reação de luta-e-fuga, prepara o corpo para a ação, ou seja, atacar ou fugir. Por isso, não é surpreendente que os impulsos avassaladores associados com esta reação sejam os de agressão e de desejo de fugir. Quando estes não são capazes de serem realizados (devidos à coação social), os estímulos serão frequentemente expressos por comportamentos como bater os pés, marcar passos ou insultar pessoas. Isto é, os sentimentos produzidos são como os de quem está preso e está precisando fugir.
Tal resposta é uma reação primitiva de luta ou fuga necessária para a sobrevivência dos organismos em situações de perigo, ou em situações em que ele pensa que está em perigo.  Porém hoje as nossas ameaças são a falta de dinheiro para saldar nossos compromissos, saúde dos filhos, eminência da solidão, a violência, o teste para habilitação de CNH, situações difíceis no trabalho, doenças e notícias ruins. Agora a resposta de luta ou fuga passa a ser disfuncional e desadaptativa e justamente o raciocínio que é a habilidade necessária para manejar tais situações é completamente inibido pela ansiedade.
O aspecto de desagradabilidade é discutível, pois, na atividade sexual, podem-se sentir muitas dessas sensações e achá-las agradáveis. Tudo depende do contexto em que são avaliadas; daí ser perfeitamente aceitável experimentá-las. Outro aspecto importante diz respeito à ideia de que essas sensações parecem antecipações de “perigos” (morrer sufocado ou de ataque cardíaco, perder o controle, ficar louco, desmaiar). Na verdade, não são antecipações, são consequências dos pensamentos que o indivíduo tem a partir de suas sensações. E a maior evidência disso é que nunca foram ou são confirmadas.

É fundamental que o paciente entenda esse processo no trabalho terapêutico. Manejar a ansiedade só é possível quando possui o entendimento desse processo, ainda que muitas vezes o paciente relute em aceitar a ansiedade como parte de respostas de seu organismo. Justamente pela intensidade e sofrimento da síndrome do medo que racionalmente se traduz na “sensação eminente de morte”. Para interromper o ciclo é necessário romper a espiral do Pânico (aumento gradativo), mantida pelo esquema “medo de ter medo”, representado ao lado.

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